Região é vista como futuro da produção vinícola
Os produtores de vinhos finos da Campanha já estão erguendo as taças para comemorar. Esta promete ser uma das melhores safras dos últimos anos naquela região, com destaque especial para os tintos. Situada no Paralelo 31 – o mesmo das melhores regiões produtoras de vinhos do mundo – a Campanha tem visto suas coxilhas serem ocupadas por parreirais que se estendem a perder de vista. Tudo porque oferece condições perfeitas para o desenvolvimento das videiras e a produção da bebida: inverno rigoroso, alta luminosidade, amplitude térmica, solos privilegiados e poucas chuvas durante a maturação, além de permitir a mecanização. O resultado são vinhos aromáticos, frutados, potentes e de boa graduação alcoólica natural.
O que parecia loucura há alguns anos revelou-se visionário. Atualmente, a região tem 1.300 ha de vinhedos, com predominância do Cabernet Sauvignon, e já responde por 15% da produção de vinhos finos do país. A importância da Campanha faz com que 150 produtores estejam em busca da indicação de origem geográfica, o que será como um selo de reconhecimento de procedência. São, hoje, 8 milhões de litros/ano de vinhos finos produzidos na região. Mas, em cinco anos, a expectativa é de que esse número alcance a marca de 15 milhões de litros/ano.
Os apreciadores de vinhos têm descoberto que os tintos finos são a aptidão da Campanha, mas Chardonnays, Sauvignons Blancs e outros varietais brancos também se mostram de uma qualidade muitas vezes superiores a dos produzidos na Serra. Assim como é incomparavelmente superior a qualidade dos espumantes produzidos a partir de uvas da Serra e dos espumantes Moscatel do Vale do São Francisco, na divisa da Bahia com Pernambuco. As diferentes características vão permitir às vinícolas que estiverem presentes nessas regiões optarem pela produção de cada produto onde melhor eles se comportarem.
Um passo importante para a vitivinicultura brasileira que ainda enfrenta problemas de clima em certas áreas e que luta para reconquistar os índices de consumo do vinho branco, aliás, um sonho dos produtores de todo o mundo. No Brasil, já foram consumidos 40 milhões de litros/ano de vinhos brancos, hoje esse número chega a apenas 7 milhões de litros/ano. O que se mostra muito pouco em relação aos 14 milhões de litros/ano de espumantes e aos 68 milhões de litros/ano de tintos. Apesar de o último número não ser tão animador quando levado em conta que desses, só 18 milhões de litros são de tintos nacionais, os 50 milhões restantes ainda são de importados. Panorama que a qualidade dos vinhos da Campanha também promete modificar.
Fonte: Jornal Zero Hora / Caderno de Gastronomia - Bete Duarte, 25/03/2011.
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